PAAF (Punção Aspirativa de Agulha Fina): conheça mais sobre o exame.

A PAAF é o exame padrão-ouro¹ para diagnóstico de nódulos de tireoide suspeitos no ultrassom. Possui muitas vantagens mas ainda gera bastante dúvidas, então vamos explicar melhor como funciona esse exame tão importante.

Mas calma! Antes de explicar o que é a PAAF, vamos entender quando ela é indicada. Nódulos de tireoide são comuns, à medida que envelhecemos eles tendem a aparecer com maior frequência segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)¹. A boa notícia é que a grande maioria dos nódulos na tireoide são benignos¹,².

A descoberta de um nódulo

A descoberta de um nódulo muitas vezes começa pelo exame de imagem: o ultrassom de tireoide. A partir dele conseguimos extrair algumas informações como: o tamanho, conteúdo e número de nódulos. Mesmo sendo um exame muito útil, o ultrassom não consegue afirmar se o nódulo é benigno ou maligno, então é nesse momento que o médico indica, para os nódulos com características suspeitas ao ultrassom, a punção (PAAF) do nódulo para obter mais informações sobre as características dele.

O que é a PAAF ?

A sigla PAAF significa “Punção Aspirativa de Agulha Fina”, é um exame para retirada de células de lesões sólidas ou císticas utilizando uma agulha fina. A punção de um nódulo de tireoide é um procedimento simples e seguro.

Como é realizada a PAAF da tireoide?

Para realizar a PAAF o primeiro passo é a assepsia do local. O pescoço será limpo com um antisséptico e depois poderá ser aplicado um anestésico local ou tópico por onde a agulha passará³.

O médico utilizará uma agulha muito fina que será introduzida pela pele até o nódulo da tireoide, geralmente guiada pelo ultrassom. Quando a agulha estiver posicionada corretamente, algumas células do nódulo da tireoide³ serão aspiradas (puxadas) pela agulha, colocadas em lâminas e posteriormente serão analisadas por um médico patologista.

O procedimento de coleta leva apenas alguns instantes e, no geral, não causa dor ou algum outro incômodo ao paciente. Já o procedimento de análise do material coletado pode levar alguns dias (entre 5 a 15 dias, normalmente).

Quais são os resultados possíveis?

Os resultados da PAAF do nódulo na tireoide são classificados de acordo com as características dele, dentro do sistema de Bethesda (Bethesda System for Reporting Thyroid Cytopathology⁴ ):

Bethesda I – Amostra não diagnóstica;

Bethesda II – Benigno;

Bethesda III – Indeterminado (Atipias de significado indeterminado / lesão folicular de significado indeterminado);

Bethesda IV – Indeterminado (Suspeito de neoplasia folicular);

Bethesda V – Suspeito de malignidade;

Bethesda VI – Maligno.

Como os testes moleculares para nódulos na tireoide se relacionam com a PAAF?

Nos últimos anos, testes moleculares passaram a ser uma ferramenta essencial para o manejo de pacientes com nódulos na tireoide, sendo inclusive recomendados pelos principais guidelines nacionais e internacionais após a classificação do nódulo no sistema de Bethesda.

Os testes analisam as informações moleculares do nódulo da tireoide a partir do conteúdo retirado na PAAF e ajudam tanto no diagnóstico dos nódulos quanto na personalização da cirurgia.

Eles são capazes de mostrar características do nódulo que ajudam o médico na decisão em como proceder com o tratamento e acompanhamento do paciente. Vamos entender como os testes moleculares mir-THYpe full e mir-THYpe pre-op, atuam em cada classificação dos nódulos na tireoide.

Os testes mir-THYpe possuem o benefício de usar as lâminas da mesma PAAF já coletada, sem necessidade do paciente realizar uma nova punção, evitando um novo desconforto ao paciente. Vale ressaltar que as lâminas não necessitam de refrigeração, é um material estável e pode ser manuseado pelo próprio paciente para o envio das amostras até o laboratório da Onkos.

Nódulos indeterminados na PAAF (Bethesda III ou IV).

As classificações III ou IV de Bethesda são nomeadas como “indeterminadas”, ou seja, as características da punção não deixam claras se o nódulo é benigno ou maligno, ocasionando dúvidas e incertezas sobre aquele nódulo.

O mir-THYpe full “reclassifica” o nódulo que era originalmente indeterminado, em “benigno ou “maligno” com uma alta precisão. Visto que quase 80% dos nódulos indeterminados são benignos, o exame pode evitar uma cirurgia diagnóstica, se o resultado do teste for negativo.

Nódulos com suspeita de malignidade ou maligno na PAAF (Bethesda V ou VI).

A classificação de Bethesda V ou VI na PAAF indica que o nódulo é suspeito de malignidade (V) ou maligno (VI) e nesses casos os testes moleculares avaliam marcadores prognósticos, ou seja, marcadores que indicam a potencial agressividade daquele nódulo, e auxiliam o médico a entender o nível de urgência daquela cirurgia e a personalizar o “tipo” e o “tamanho” (chamada também de extensão) dela.

O mir-THYpe pre-op avalia marcadores prognósticos de agressividade em nódulos Bethesda V ou VI, para oferecer uma cirurgia personalizada para cada paciente de acordo com as características moleculares do seu nódulo.

Você realizou sua PAAF? Converse com seu médico para saber os próximos passos e se o mir-THYpe pode ser útil na sua jornada.

 

Referências:

  1. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo: https://www.tireoide.org.br/entenda-a-puncao-aspirativa-com-agulha-fina-paaf/
  2. Feldkamp J, Führer D, Luster M, Musholt TJ, Spitzweg C, Schott M. Fine Needle Aspiration in the Investigation of Thyroid Nodules. Dtsch Arztebl Int. 2016 May 20;113(20):353-9. doi: 10.3238/arztebl.2016.0353. PMID: 27294815; PMCID: PMC4906830.
  3. American Thyroid Association https://www.thyroid.org/fna-thyroid-nodules/
  4. The 2017 Bethesda System for Reporting Thyroid Cytopathology | Thyroid- https://www.liebertpub.com/doi/full/10.1089/thy.2017.0500
Marcos Santos, Ph.D
Biólogo molecular, pesquisador, doutor em genética humana e fundador da Onkos Diagnósticos Moleculares