Quais são os tratamentos para nódulos na tireoide?

Nódulos na tireoide são mais comuns do que imaginamos. Grande parcela da população encontrará um em algum momento da vida, mas para nossa sorte, a maioria dos nódulos na tireoide são benignos. Devido a alta incidência, o tratamento dado aos nódulos na tireoide, seja ele benigno, maligno, ou indeterminado não pode ser algo fixo e linear, deve ser adaptado ao caso do paciente. Entenda mais sobre as alternativas de tratamento nesse texto.

 

Como é o diagnóstico do nódulo da tireoide?

Quando um nódulo na tireoide é encontrado, o médico irá investigar a natureza dele, ou seja, se é maligno ou benigno. O primeiro passo é o exame de imagem, que em algumas situações não consegue dizer com clareza se aquele nódulo é maligno ou não. Quando o nódulo é suspeito ao ultrassom, é recomendado realizar uma PAAF (punção aspirativa por agulha fina) do nódulo. Neste exame retira-se uma pequena quantidade de células do interior do nódulo para uma análise mais detalhada (análise citológica). A análise das células obtidas pela PAAF é classificada por um sistema de classificação internacional, chamado de Sistema de Bethesda, que varia do I ao VI, da seguinte maneira: I — Amostra não-diagnóstica; II — Benigno; III — Indeterminado; IV — Indeterminado; V — Suspeito de malignidade; VI — Maligno.

 

O que fazer quando a PAAF aponta que o nódulo é indeterminado (Bethesda III ou IV)?

Nesses casos, o teste molecular mir-THYpe full é indicado para diminuir as dúvidas que o paciente possui ao receber o resultado da punção como indeterminado. Ele utiliza o material da mesma PAAF que o paciente já coletou e reclassifica o nódulo indeterminado em “benigno” ou “maligno”.

 

Agora que você sabe se o nódulo é benigno ou maligno, quais são os tratamentos possíveis?

Nódulos benignos

  • Acompanhamento ativo: é a estratégia mais comum para nódulos benignos. Apesar de não ser um tratamento, a estratégia consiste em monitorar regularmente o nódulo na tireoide do paciente através de ultrassom de tireoide, observando se há evolução no tamanho e nas características do ultrassom. Caso, durante este acompanhamento, o nódulo tenha evoluções significativas, o médico pode pedir exames complementares, como uma nova PAAF e até exame de sangue, para avaliar o crescimento do nódulo ou outras mudanças. É indicado para todos os casos de nódulos benignos assintomáticos, ou seja, que não causem desconforto na deglutição, na respiração ou até mesmo desconforto estético.
  • Ablação: É um procedimento minimamente invasivo, que vem sendo empregado como alternativa à cirurgia em pacientes com nódulos tireoidianos benignos sintomáticos, ou seja, que causem desconforto ou disfunção na deglutição, na respiração ou até mesmo desconforto estético.. É realizada por meio de um eletrodo-agulha guiado por ultrassom, que é inserido no interior do nódulo e então aplicado calor por radiofrequência ou por micro-ondas. Isso causa a destruição (“queima”) dos tecidos do nódulo, diminuindo seu tamanho podendo até ser absorvido pelo corpo. É um procedimento geralmente ambulatorial, sem necessidade de anestesia geral e o paciente pode retornar para casa no mesmo dia ou até mesmo em algumas poucas horas.

 

Nódulos malignos

  • Cirurgia: é o principal tratamento quando o nódulo na tireoide é diagnosticado como altamente suspeito para câncer ou definitivamente câncer, seja por uma biópsia, por agulha fina (PAAF), ou teste molecular. As duas principais formas de cirurgia na tireoide são:
  • Lobectomia (tireoidectomia parcial): nesse caso a tireoide não é removida por inteira, somente o lobo contendo o nódulo maligno, que geralmente é removido em conjunto com o istmo (parte que une os dois lobos da tireoide). Nesse caso a tireoide ainda pode preservar suas funções hormonais, ainda que possa ter algumas alterações em exames posteriores.
  • Tireoidectomia total: representa a retirada total da tireoide. Nestes casos o paciente obrigatoriamente irá precisar fazer reposição hormonal por toda a vida, além de possíveis, mesmo que sejam raras, sequelas devido à operação.

 

Para casos de nódulos com indicação cirúrgica (Bethesda V ou VI), testes moleculares como o mir-THYpe pre-op podem ajudar tanto o paciente quanto o médico ao trazer uma personalização da cirurgia com base nas características moleculares do nódulo do paciente. O mir-THYpe pre-op analisa as células presentes no nódulo e indica se existe a presença de marcadores moleculares que podem revelar se aquele nódulo é mais ou menos agressivo, com isso auxiliam na decisão médica sobre a extensão e a urgência da cirurgia, da seguinte maneira:

  • Pacientes com nódulos malignos mas com marcadores moleculares negativos para agressividade, podem ser elegíveis a cirurgia parcial (lobectomia), por exemplo, aumentando as possibilidades de preservar a função de tireoide.
  • Nódulos com marcadores positivos indicam que o nódulo é potencialmente mais agressivo e pode precisar de uma extensão cirúrgica maior (tireoidectomia total e esvaziamento ganglionar, por exemplo) e uma urgência cirúrgica maior.
  • Vigilância Ativa: A maioria dos nódulos tireoideanos, mesmo malignos, não apresentam uma evolução agressiva e letal. Portanto, uma opção terapêutica pode ser observar, para evitar que o tratamento seja pior que a própria doença! É uma abordagem que visa o acompanhamento do nódulo maligno de forma ativa, sem a necessidade de intervenção cirúrgica ou invasiva. É indicada para nódulos menores que 1 cm. A recomendação da vigilância ativa deve ser feita por médico especialista e não significa “não fazer nada”. Significa ser acompanhado de perto, por uma equipe multidisciplinar, com frequência e, caso o nódulo apresente uma evolução significativa, intervir no momento certo. É uma opção que depende muito também do próprio paciente aceitar a ideia de conviver com um nódulo maligno e até mesmo da rede de apoio que receberá de sua família e amigos.
  • Radioiodoterapia: é uma forma de terapia que utiliza o elemento radioativo iodo-131 para tratar o câncer de tireoide. Esse tratamento pode ser utilizado para destruir qualquer tecido da tireoide que tenha permanecido após a cirurgia de retirada da tireoide (tireoidectomia total) ou para tratar células do câncer de tireoide que se disseminou para os linfonodos ou outros órgãos. A radioiodoterapia tem desempenhado um papel importante no tratamento do carcinoma diferenciado de tireoide, porém, não é indicado para o tratamento de carcinomas anaplásicos e medulares da tireoide. E mesmo se tratando de um método terapêutico que usa radiação, é um procedimento seguro e eficaz.
  • Terapia-alvo: Embora raro, alguns poucos nódulos malignos apresentarão um comportamento mais agressivo e preocupante. Quando estes tumores são resistentes à radioiodoterapia, uma abordagem de tratamento possível são as drogas de terapia-alvo. São medicamentos projetados para atingir vias moleculares ou proteínas específicas envolvidas no desenvolvimento ou progressão de uma doença. Essas drogas funcionam bloqueando ou inibindo a atividade de moléculas específicas que desempenham um papel importante no processo da doença. Ao contrário dos tratamentos convencionais, que afetam tanto as células saudáveis quanto as células doentes, as drogas de terapia-alvo são projetadas para serem mais seletivas, diminuindo possíveis efeitos colaterais.

         

        Como você pôde notar, existem diversos caminhos que um paciente com nódulo de tireoide pode passar durante sua jornada. Este texto possui caráter informativo, a definição do melhor tratamento para cada caso será feita pelo médico junto com o paciente. A Onkos está aqui para auxiliar nesse processo, siga nosso instagram para esses e outros conteúdos sobre tireoide.

         

        Referências:

        Marcos Santos, Ph.D
        Biólogo molecular, pesquisador, doutor em genética humana e fundador da Onkos Diagnósticos Moleculares